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Itaú acusa ex-diretor de violar regras por conflito de interesse e aciona BC
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O banco identificou possível atuação em conflito de interesses por parte de seu ex-executivo após sua saída da empresa
- Por Camilla Ribeiro
- 07/12/2024 19h02 - Atualizado há 2 semanas
O Itaú Unibanco identificou uma possível atuação em conflito de interesses de seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel, depois da sua saída.
A informação foi apurada pelo Broadcast com fontes que pediram anonimato, em razão do sigilo das investigações.
Segundo as informações, o procedimento revelou que o ex-diretor teria ocultado do banco sua sociedade com o professor de contabilidade Eliseu Martins, cujos serviços ele aprovou o Itaú a contratar.
Broedel deixou o Itaú em julho para assumir um cargo na direção do Grupo Santander, na Espanha.
De acordo com fontes, a saída foi “repentina” e pouco tempo depois, a diretoria do banco descobriu que, mesmo enquanto ocupava o cargo como diretor financeiro, ele teria emitido pareceres contábeis a outras empresas.
Com base nesses dados, houve uma investigação interna, por meio da qual o Itaú detectou que Broedel era sócio de Eliseu Martins em uma empresa.
Essa empresa teria recebido transferências de outra, contratada pelo banco e da qual Martins é sócio com um de seus filhos.
Os valores dessas transferências seriam compatíveis com os pagos pelo Itaú pelos serviços cuja contratação foi autorizada por Broedel entre os anos de 2019 e 2024.
A governança interna do banco exige que todos os executivos preencham um questionário anual que, entre outros pontos, pergunta se eles mantêm sociedades com fornecedores da instituição.
Se possuírem , as normas do Itaú determinam que os executivos não podem direcionar decisões sobre o relacionamento do banco com seus sócios.
Além disso, de acordo com fontes, a estrutura interna estabelece que a contratação de fornecedores seja conduzida por uma área de compras centralizada, que faz processos de concorrência no mercado.
As exceções se aplicam a serviços “personalíssimos”, como a contratação de pareceristas específicos.
Este foi o caso de Martins, professor de Universidade de São Paulo (USP) e reconhecido como um dos maiores especialistas em contabilidade do País.
Martins abandonou o quadro de fornecedores do banco após a investigação.
O Broadcast apurou que o banco informou em outubro ao Banco Central sobre os fatos, bem como à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Se os dois órgãos investiguem o caso e considerem os envolvidos culpados, eles ficarão inabilitados para executar funções em empresas reguladas pelos dois órgãos.
Como parte da investigação, o Itaú pediu à auditoria independente, a PwC, que avaliasse novamente os balanços do período.
A auditoria não identificou inconsistências, e o banco afirmou, por meio de nota, que não há impacto nos resultados.
Os valores no suposto conflito de interesses já haviam sido contabilizados e são classificados pequenos diante do tamanho do balanço.
Procurado, Broedel relatou através de assessoria que as acusações do Itaú são infundadas, e que Martins era fornecedor do Itaú há décadas, desde antes de o executivo entrar para a diretoria.
Ainda disse que “causa profunda estranheza” que o Itaú denuncie as supostas condutas impróprias depois dele deixar o banco para assumir uma posição global em um de seus principais concorrentes, e que tomará as medidas judiciais cabíveis.
Eliseu Martins não se pronunciou até a publicação desta nota.